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MESTRE ANTÔNIO DO BABAU

Antônio Alves Pequeno, mestre Antônio do Babau, é até hoje a maior referência para a Carroça de Mamulengos, sendo o primeiro mestre, a origem e o precursor da linguagem da companhia.

Morador da cidade de Mari, na Paraíba, vivia do roçado e brincava com bonecos nos sítios dos arredores. Carlos conheceu o mestre Antônio do Babau em 1977, no Rio de Janeiro, quando ele foi convidado para participar de um festival de cultura popular na inauguração do SESC Tijucão, o único festival em que Seu Antônio participou viajando para fora do estado da Paraíba.

Na época, Carlos já conhecia o teatro de bonecos e tinha montado um espetáculo inspirado em um texto do livro "Fisionomia e Espírito do Mamulengos", de Hermílio Borba Filho. Ao assistir à brincadeira de Seu Antônio, ficou absolutamente encantado. Durante o festival, acompanhou Seu Antônio e disse que um dia iria visitá-lo, e teve como resposta: "Você nunca vai lá no meu mundo". Nesse encontro, ganhou dois bonecos: Benedito e Doutor Franga de Galinha.

Assim que pôde, Carlos viajou para a Paraíba e passou mais de um ano convivendo com Seu Antônio do Babau. Convivia com ele no roçado, na lida do dia a dia, na construção dos bonecos e nas brincadeiras, que aconteciam semanalmente em localidades vizinhas onde Seu Antônio era chamado para brincar. Carlos armava a "tolda", basicamente enfincando quatro estacas onde fosse possível e esticando um pano; era então o folgazão da brincadeira, auxiliando Seu Antônio ao entregar-lhe os bonecos dentro da tolda. Com o tempo, foi aprendendo e ganhando confiança, e começou também a brincar e segurar algumas cenas.

Mestre Antônio do Babau destacava-se entre todos os brincantes por ser inventor e exímio dramaturgo, construindo enredos cheios de nuances, aventuras e dramas, como o Shakespeare do teatro de bonecos popular. Dizia que qualquer coisa no mundo poderia entrar na história dos bonecos; assim, suas brincadeiras podiam durar horas, e as tramas desenrolavam-se entre múltiplos personagens, representando toda a estrutura social. O terno de bonecos de Seu Antônio tinha um grande elenco, como rei, juiz, coronel, sargento, cabo, padre, alma, morte e diabo, com Benedito como herói da brincadeira. Mestre Antônio do Babau tinha forte consciência de classe, era uma pessoa de altivez, hombridade e justeza, de vida muito simples, e sua integridade moral se refletia em sua brincadeira de bonecos.

Quando viajou para seguir seu caminho, Carlos pediu permissão para brincar com os bonecos e ganhou de seu mestre alguns personagens, nos quais montou sua brincadeira e também a permissão para viajar. Seu Antônio disse-lhe: "Pode ir, que na sua barriga ninguém pisa". Os bonecos que recebeu de Mestre Antônio do Babau até hoje compõem a brincadeira de Carlos. Posteriormente, Carlos desenvolveu uma linguagem na construção de bonecos utilizando cabaças, peneiras e esteiras, e é possível identificar a estética de ligação com os bonecos de seu Antônio.

Para Carlos, Seu Antônio do Babau foi um amigo, um instrutor, a maior referência artística e um mestre da arte de brincar com bonecos e da forma íntegra de conduzir a vida. Na Carroça de Mamulengos, a figura de Seu Antônio do Babau é tão importante que todos os integrantes lhe têm reconhecimento e respeito. Em 2023, Ana Gomide, neta de Carlos, montou uma brincadeira chamada Babauzinha, homenageando Seu Antônio e seu avô através da brincadeira do Babau, seguindo a tradição, reverenciando o passado e apontando para o futuro.

Memórias:

"Babau" é o nome do teatro de bonecos na Paraíba, assim como "mamulengos" em Pernambuco, "João Redondo" na Paraíba e "Cassimiro Coco" no Ceará.

Por brincar de Babau, Carlos começou a ser chamado de Carlinhos do Babau, ou apenas Babau. Em 2021, montou uma brincadeira chamada O Babauzeiro, e daí vem o nome do espetáculo de sua neta Ana Gomide, Babauzinha.

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