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MESTRE PEDRO OLIVEIRA

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Carlos Gomide fala sobre Mestre Pedro Oliveira
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Mestre Pedro Oliveira carregava a tradição dos menestréis medievais que cantavam grandes epopeias poéticas pelas ruas e feiras das cidades. Era cego, tocava rabeca e tinha na memória dezenas de cordéis que narravam verdadeiras novelas.

Em uma época em que ainda não existia televisão e a energia elétrica estava apenas chegando ao interior do nordeste, a comunicação se baseava principalmente no rádio, para aqueles que tinham um rádio de pilha para ouvir notícias de terras mais distantes. O entretenimento das comunidades eram os artistas populares. Mestre Pedro Oliveira vivia cantando pelas ruas de Juazeiro do Norte, entoando benditos, reisados ou narrativas de cordéis, e pedindo esmolas pela sua cantoria.

Quando Carlos e Schirley chegaram a Juazeiro do Norte no início da década de 80, estavam em busca de conhecer os artistas populares. Logo encontraram Mestre Pedro Oliveira pelas ruas da cidade, um senhor que todos os dias saía com sua rabeca para cantar e pedir esmolas, às vezes sozinho, às vezes acompanhado pelo seu filho Zé Oliveira, também cego e também músico cantador.

Memórias

Carlos comenta que um dia, durante uma romaria, avistou uma multidão e se aproximou para ver qual artista estava atraindo tantas pessoas. Encontrou Mestre Pedro Oliveira cantando um cordel de romance e aventura. Carlos observou os rostos dos romeiros, que ficavam apreensivos nos momentos de conflito e emocionados nos momentos de vitória, como se estivessem assistindo a um filme. Essa lembrança ficou gravada daquele senhor cantando baixinho e segurando uma roda de forma espetacular.

Mestre Pedro morava em um sítio em Caririaçu, e o serviço de transporte na época era muito precário, então ele não passava muito tempo em Juazeiro. Uma vez, Carlos sofreu um acidente de moto e machucou o joelho, ficando impossibilitado de andar por um tempo. Mestre Pedro veio visitá-lo e disse: "O amigo é aquele que está junto quando o outro precisa."

Carlos sempre preferiu ouvir a gravar. "Os mestres da cultura são muito gravados e raramente essas gravações trazem algum retorno real para eles mesmos", diz Carlos. Mas em uma ocasião, pediu para gravar, e assim ficou registrado a voz desse senhor cantador e rabequeiro, um dos últimos menestréis populares do Brasil.

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